O encontro

Após a "aprovação" da minha esposa, combinei com os dois proprietários de ir ver os Mondeo. Um deles era lojista, o que me trouxe mais confiança no negócio (até descobrir que loja também vende produto "maquiado"...a vá! haha).

Chegando ao local para ver o primeiro modelo, o dono foi bastante solícito, mas não conseguiu ligar o carro...o mesmo estava alocado na garagem de um prédio comercial e estava com a bateria descarregada. Combinei a visita para o dia seguinte, com o dono se comprometendo a levar o carro da empresa para fazer uma chupeta e ligar o V6. Após um certo sofrimento (a bateria do Siena estava sofrendo para carregar minimamente a bateria do Mondeo), o V6 acordou. Ronco vigoroso, como um gigante contrariamente despertado do seu sono. O carro em si possuía alguns detalhes: alguns amassados, um afundado na tampa do porta malas, alguns riscos, pneus completamente carecas...mas o que mais me assustou naquele momento foi um reservatório de água do radiador "adaptado", bem menor do que o original, colocado emergencialmente por um "mecânico" (sic) que o proprietário nem conhecia...histórias que quem tem/teve carro mais antigo sabe bem que - infelizmente - são muito comuns. No entanto, o interior estava muito bem cuidado, as molduras com apliques imitando madeira estavam impecáveis (mais tarde, eu viria descobrir que isso é mais raro do que parece haha), os bancos de couro estavam com desgaste natural, o carro apresentava cerca de 150 mil km rodados, parecia condizente com o estado geral. Era um modelo ano 1999, preto, automático, com as molduras do painel misturando imitação de madeira com plástico preto.

Aquele reservatório me assustou, pois sabia que aquilo poderia ser indício de algum problema maior. Além disso, o carro estava parado há um tempo (o proprietário me dissera que estava parado apenas desde o início da pandemia, cerca de 3 meses, mas pela quantidade de poeira e sujeira acumulada parecia estar parado há bem mais tempo). Assim, deixei a ideia momentaneamente de lado e fui atrás do outro Mondeo.

O outro modelo era ano 2000, preto, estava em uma pequena concessionária no Ipiranga, bairro tradicional de SP. Conversando com o dono da concessionária, o mesmo me dissera que havia recebido o modelo como parte de pagamento de outro veículo adquirido pelo antigo dono, mas havia gostado do veículo e acabou ficando com ele para si. No entanto, com a chegada da pandemia, os negócios haviam caído bastante e ele resolveu colocar o Mondeo a venda (hoje penso que provavelmente essa história era apenas para não "revelar" que o carro já estava anunciado há vários meses sem sucesso de venda, pois achei posteriormente um print de tela que eu havia feito do anúncio com data de janeiro, e fui ver o veículo apenas em julho...haha). Seja como for, a história me convenceu o suficiente.

O carro em questão estava em estado de novo: estepe original sem rodar, pneus novos, todo original, lataria imaculada, bancos de couro impecáveis, tudo extremamente bem cuidado (na aparência!). Ao ligar, o motor roncava suave e robusto. Marcava 120 mil km, aparentemente originais. No entanto, alguns detalhes também me chamaram atenção: o carro morria depois de um tempo ligado e havia uma leve oscilação na marcha lenta "até esquentar" (sic), atribuída ao atuador de marcha lenta (vim descobrir posteriormente que o problema era outro...). Além disso, o teto solar não abria - fazia um barulho de engrenagem raspando -, as travas elétricas funcionavam quando queriam, algumas partes de acabamento quebradas - difusor de ar, trava do descanso de braço, cinzeiro do painel e do console central, porta luvas emperrado, as molduras do painel estavam rachadas (conforme disse, essa tem sido uma grande e inesperada dor de cabeça...), e havia um pequeno ponto trincado no parabrisa. No mais, não possuía pontos negativos "visíveis". Fiquei de fazer uma pesquisa sobre peças e combinei retornar na semana seguinte. O vendedor estava bastante tranquilo, não parecia tão desesperado para vender o veículo.

Pesquisadas as peças necessárias, achei o que precisava a um preço "factível" na internet e retornei na semana seguinte com meu amigo Giancarlo, grande entusiasta e "manjador" de autos antigos, a fim de fazermos uma varredura mais detalhada. Ali, descobrimos o seguinte: o escapamento estava abrindo um furo (ainda está, aliás), também descobrimos um parafuso (isso mesmo, um PARAFUSO) que vedava um buraco enorme no radiador do veículo e inutilizava uma mangueira do reservatório. Descobrimos também um pequeno vazamento (aliás, com isso, aprendi a nunca subestimar algo "pequeno") na mangueira da direção hidráulica.

No entanto, mesmo com tudo isso, estava cego pela vontade de possuir o exclusivíssimo Mondeo Ghia e resolvi experimentar a sensação de acelerar o V6, mas isso fica para o próximo post...

Fotos de (alguns) detalhes a serem arrumados no veículo:












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